
Meus olhos estão em chamas. Não parecem estar. Talvez por que estejam molhados, aos poucos vou deixando essa água cair no chão, e você vai ver. Estão sim, prometo. Estou queimando num fogo frio. Apagando o que ousar crescer e ficar grande o suficiente para ninguém mais conseguir guardar de volta, e deixar guardado, só por deixar... existir em silêncio. De que adianta? Só mais um paradoxo para a coleção. Existirem seus não-risos, o não-cheiro das suas camisetas quadradas e gentis (tanto quanto suas palavras), o cheiro dos seus não-óculos, e das coisas que você lê, ou não lê, não-nada, não você, não sei. Não sei não. Que todo amor platônico, fosse. E só de ser, eu seria. Amor. E teria o amor, que não é.
Posted by Menina Radiguet Drubi
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2/17/2011 01:24:00 PM
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Ela me deixou assim, diamante bruto, então, eu deixei ela.
O que antes era pista de qualquer delicadeza, foi embora em meio à palavras rudes, fiquei sem palavras boas para dizer, sem paciência para escutar as dela, contraditórias, doces e desesperadas. É tarde demais, se ela morreu, acho que morreu fora do meu coração, porque está cada vez mais distante, mas espero que esteja bem, ainda que eu não tenha nenhum sorriso para dizer isso.
Nessas horas, eu queria ser um quarto escuro, com a luz apagada, e poder sumir sem precisar dizer nada. Ninguém me enxergaria, nem poderia acender as luzes.
Eu vi seu rosto mais de outras cem vezes mas agora tinha cara de problema. Eu fiz ela ir embora de mim, talvez isso seja um problema resolvido. Mas não sei se ainda estou dentro dela, afinal, problemas resolvidos continuam sendo problemas. Prefiro falar que ela foi uma dúvida, se ela preferir assim. Mas agora se existem certezas, são outras...
Posted by Menina Radiguet Drubi
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2/11/2011 03:06:00 PM
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Ela me olhava pelos cantos, e a minha vontade era de abraçá-la como nunca antes, como nunca mais. Só porque ela era uma menina, nossos beijos tinham que ser silenciosos, escondidos, embaixo do mundo, sem ver as estrelas que sorriam por um minuto de ar fresco, o beijo mais raro do mundo na frente de todo o céu. Tínhamos mesmo que fingir que éramos apenas boa amigas. Ela tinha uma cara de sono e me mandou um sorriso como quem quer dizer "esqueça isso agora, vamos passar essa tarde, antes que ela passe por cima de nós". Mas eu sabia que ela não queria dizer nada. Estava apenas entediada pela minha falta de beijos, excesso de magenta e de conversas enroladas, fingíamos qualquer assunto, enquanto queríamos rir de uma coincidência, à toa, que minutos depois acharíamos tão sem-graça que riríamos por horas, e eu daria só outro beijo em silêncio, e sem razão para ela ver que eu estava ali de verdade, e ela ia sorrir para mim. Ela, sempre ela, nesse filme velho e batido, acho que ninguém agüenta mais. Só eu, e ela. Só eu, e ela. Eu, e ela. Eu, e ela. Ninguém mais agüenta.
Posted by Menina Radiguet Drubi
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2/09/2011 05:48:00 PM
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