
A cidade do alto parece mais bonita, até mesmo os prédios parecem compor a visão daqui de cima. Estar no alto me lembra da vertigem comum em todo mundo, e a vontade de voar de algumas pessoas. Uma música bonita e triste, o compositor certamente estava num dia parado, chuvoso, e pensava em alguém que havia perdido. Amores à parte, depois de um céu branco, e uma tarde de frio, tive vontade de não ter vontades, não quis comer, ou tomar banho, e tampouco pensar em ti.
Mas não fui forte o suficiente para impedir que meus pensamentos conversassem com você, te dizendo para ter uma boa noite e não pensar no drama do mundo. Vi você lá no assoalho chorando, menina. tocando no tapete branco com a ponta dos dedos e chorando. Sem razão. Deixe de solidão, vá ver a chuva. Experimente seu chá de maçã na pequena xícara rosada que tanto gosta.
É tão confortável esse céu. Essas nuvens redondas e macias, brincam de pique-esconde com o sol, estrela da manhã.
Dorme, meu bem, é só uma chuva querendo te fazer chorar também...
Posted by Menina Radiguet Drubi
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7/24/2010 04:28:00 PM
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Não que isso mude alguma coisa, mas para quem ouvia falar dela, esse pequeno detalhe só tornava sua figura mais sórdida e anormal, mas ela não dava tanta importância. Namorava. Namorava meninos... mas principalmente meninas. Tinha amigos estranhos e idéias tão loucas quanto estes, e quando se encontravam, fosse em bares ou em casa, a noite só acabava depois de três ou quatro dias. Imaginar a vida como uma rave constante se tornava difícil, porque quase sempre sua vida era uma rave, e ela nem se dava conta. Sonhos neon, sonhos de aurora. Aurora boreal. Menina do azul, do mar de ácool, florestas de ervas perfumadas, e talvez venenosas.
Seus delírios de acordar e cheirar as flores do seu quintal, com um aroma de loucura e abismo.
Fechava os olhos no infinito de cada beijo, abria apenas para ver outros olhos fechados, e assim se apaixonava profunda, imersamente por figuras extremamente opostas, alheias e acima de tudo, peculiares. O professor, o vizinho, o guitarrista de uma banda qualquer, uma amiga distante, o homem que patinava no gelo, e até desconhecidos, ou aqueles que não sabiam sequer da sua existência. O fato, é que realmente ela sentia gosto por isso. A sensação de "não existir" para alguém, sendo que este alguém existia tanto dentro dela. Paixões tão platônicas quanto ela era alucinada, distante de tudo e de quase todos.
Falavam sim, às vezes muito mal. O máximo que ela podia pensar era "danem-se", e acreditem quando eu digo que apesar de tudo, ela era sensível, e gostava de se divertir, e flutuar em chão sólido com certa embreaguês, por prazer, e para deixar o mundo mais alegre, dentro dela mesma.
Ninguém muda completamente, apesar dos anos que se passam, e do mundo que envelhece e traz com sua velhice, a velhice daqueles que antes eram jovens, e uma outra juventude com costumes e roupas estranhas para os antigos novos...
Agora ela está na praia, num maiô vinho, acabou de fumar algo que todos pensam ser um cigarro. Afinal, o que faria uma senhora de 73 anos com maconha ? E enquanto aprecia sua droga, com uma amiga de longo prazo, observa um grupo de amigos com seus 17 anos, bebendo vodka e chamando atenção com suas risadas, comenta ironicamente e pensa se é algo de sangue "essa juventude corrompida..."
Posted by Menina Radiguet Drubi
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7/19/2010 09:30:00 PM
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