Entra no quarto sem dizer boa noite, sem falar do engarrafamento que pegou para chegar até aqui, mas estou mesmo preocupada se você entrou porque deixei a porta aberta, ou se você é uma parte criativa de mim se sentindo bastante sozinha. Talvez nenhum dos dois (talvez fosse melhor não pensar).
Você tira meu moletom com o mesmo cuidado que tenta colar seu coração em mim, num abraço tão perto, sem saída, como se eu fosse coisa sua. Parece até que sempre fui de você, para te caber tão bem. Num outro espanto, o rádio toca a mesma música que tocava na minha cabeça, desde o início daquela tarde infeliz. Será que agora tocava mais alto dentro da minha cabeça, mas por ilusão parecia estar tocando de verdade?
Ainda não entendi metade das coisas que foram acontecendo, uma, depois a outra, e em seguida foram sendo esquecidas, aquecidas, pela minha tontura e por seus mil braços.
Te dei boa noite em ruídos, quase adormecida, um beijo quase nulo, mas de seios colados no seu colo. Então você me descola do abraço, e o sereno toca, me inquieta, sensação de nunca mais morar aqui a calma. Me deita na cama, não deita ao meu lado, sai do quarto e deixa o abajur ligado. Será que fechou a porta?
Hoje te amo até às dez horas, mas te amaria até as onze se você pudesse ficar mais um pouco. É que não prestei atenção, e por acidente dormi. Ou por acidente, meus sonhos andaram acordados demais esta noite, e o seu abraço me pareceu verdade.
Posted by Menina Radiguet Drubi
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às
8/10/2012 12:33:00 AM
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As brisas se juntaram para
apostar corrida entre os meus fios de cabelo (enrolados de vez em quando), e o
sol juntou as nuvens na sua frente para que um pouco abaixo delas, e um pouco
grudado no limite do mar, alguns (ou bem poucos) vissem a explosão laranja que
acontecia no horizonte.
Um horizonte que em poucos minutos olharia para a luz
da noite, para que outro horizonte pudesse ver a cor do dia, que não mais seria
tão alaranjada, pois o sol sempre fica amarelo claro quando o dia recomeça.
Neste
momento, esqueci de te dizer -ou preferi guardar pra mim-, meu desejo era saber
alcançar, muito rápido, o horizonte que eu não podia ver. Queria correr pro Japão, onde
já era futuro, mas onde por pura excentricidade, o Sol nasce cor do amor, do
beijo e do não. E foi nesse momento, que as mãos pareciam dizer amor,
me assustei com o beijo, e se eu pudesse voltar atrás diria
"não": a vida é engraçada e gosto assim, quando ela me engana, e de
repente, me leva pra tomar sorvete com você.
Escurece, a gente de vez em quando, num riso por ali e aqui, se
conhece, e se despede, em meio às luzes dos carros voando sobre o chão,
fazendo um céu de cometas em volta do cubo congelado, com nós dois dentro,
parados no mesmo segundo, naquele momento. O último beijo, e você tem gosto de sorvete de
menta com chocolate, mas com jeito de quem queria morango. Deixa pra lá, o
sorvete não vai fugir, só quem foge é o Sol, pro Japão, quando quer mudar de cor:
beijo, amor, não.
Posted by Menina Radiguet Drubi
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às
8/05/2012 08:18:00 PM
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