Meu amor é um rio sereno

Dois corpos magros, bocas -largas- e corações navegantes, nomes irmãos. Toco a palma da sua mão como se fosse dança, me sinto gêmea e me sinto bem ali, dentro do momento, como uma surdez aguda para o mundo em volta e acima de nós. Quando nos olhamos debaixo do lençol, tenho uma sensação de mergulho: dentro d'água não podemos falar ou ouvir. Nos procuramos dentro dos nossos olhos, e nos achamos, dentro das nossas bocas, ainda que digam que a alma é indecifrável e impermeável. Ainda que ela não se alcance. 
É esse nosso jogo, cabalístico e submerso, que me emudece como pedra. Então calo. Em você faço meu canto: te alcanço, descanso. É como casa, cama, banho de lama e beijo quente no pé da orelha fria. Aquela dor pequena e suave, que no fundo acaricia mais que incomoda. Um arrepio morno, de tanto gostar. É que parece que quanto mais apêrto, quanto mais abraço, quanto mais nó e quanto mais laço, mais fora um do outro estamos, porque sabemos que não podemos estar mais dentro do que perto. Então preciso outra forma de chegarmos em nós, um no outro. Precisa vir o caminho mais delicado até os pensamentos, e talvez nós moremos lá. Precisamos de uma maneira ainda mais esfíngica de se tocar, ser e sentir o outro lado. Precisamos nos bagunçar, quebrar, virar pó, para colocar a mistura numa fôrma, e finalmente seremos juntos. Finalmente serenos juntos.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 11/17/2013 07:34:00 PM

5 comentários:

Anônimo disse...

parece que as dores de trouxeram de volta. tava com saudade dos seus textos...quero mais!

Menina Radiguet Drubi disse...

desta vez foram alegrias! logo logo tem mais!

Anônimo disse...

Alegria é mãe do choro! :( vocé tão legal e serena... não merece façam de boba!

Miss Hepburn disse...

Gosto tanto dos seus textos. Mas, ultimamente não acesso mais tanto o blogspot, já pensou em criar um tumblr?

Anônimo disse...

Imagino que agora vc passa pela dor que ja fez outras passarem... achavas mesmo que ele iria mudar?

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