Sangue, sangue




Minha respiração não estava ofegante, e nunca diria isso só para que tudo parecesse mais real ou perigoso. Já a dez metros da porta de casa, senti como se mais nada pudesse me fazer mal, e eu sei a razão. A mesma pela qual todas as pessoas se sentem bem, quando estão trancafiadas, presas entre quatro ou dez mil paredes, cercadas por tantos outros, (e mais altos) muros.



Lá fora, está travada um guerra até então sem fim, e covardiamente, sem culpa, segundo os culpados. Claro, quem quer carregar nos ombros o peso da culpa do massacre no Brasil ? Os que não querem estão provavelmente transformando o seu dinheiro em benefício, saúde e em tantas outras coisas, para si mesmos. Ou estão em casa, empilhando palavras hipócritas numa tela colorida. Auto-criticando-se ? Talvez seja o máximo que eu alcance.




O instante foi lento e pesado, como se algo se aproximasse de mim, com um medo disfarçado em drogas, que me fazia ter mais medo que a própria coisa. Como eu vou saber se acaba aqui, ou amanhã ? Consegui apenas entender, e por mim mesma, que cada dia que durmo e acordo, sou sobrevivente. Não digo isto à toa. Estamos realmente, dentro de uma roleta russa, um nó cego, e muito apertado, e a cegueira derrama sangue o suficiente para dar banho em todos aqueles que mentem, na televisão, na escola, e nos antros governamentais. Não há mais espaço para dizer "crime", ou culpar os filhos da rua que colocam na prática tudo o que lhes foi ensinado, e devo dizer, que o fazem, e muito perfeitamente. Imagine só, se tivessem aprendido ao contrário!... Mas não é assim.








Falamos de boca aberta, e com muito orgulho (de sermos brasileiros), daqueles países "acima" de nós que cavam buracos tão fundos quanto os nossos, mas por outro lado, são buracos assumidos, e com nome, bastante claro: g-u-e-r-r-a.




Mas se tudo der certo, e certo até demais para falar a verdade, a última e maior bomba que explodir, em breve, explodirá em flores, alguns minutos de silêncio para outros de música e paz.




E me aproximando da porta de casa, acompanhando o início da chuva, não me preocupei com a roupa molhada, era só água. Poderia ser sangue.




Posted by Menina Radiguet Drubi | às 8/19/2010 04:19:00 PM

3 comentários:

Unknown disse...

Lua,
Tenho muito orgulho de te conhecer!!!
Você, além de ser voce, escreve muiiiiiiiiiito bem.
Bjs da sua "quase" mami,
Rose

Menina Radiguet Drubi disse...

Ooooi, "quase" mami, que bom que você gostou!!
Continue lendo os textos !
Beijos ((:

Unknown disse...

MAIS TEXTO CARALÉEEEEEEEEEEEO!

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