Aquela com o Sobrenome da Janis Joplin





E então é assim? Ela me esqueceu? Ela me esqueceu, "esqueceu", sim, mas pensa, uma ou duas vezes na semana, só por descaso da própria memória, de deixar entrar um lembrança tão boa, que dá vontade de chorar de tanta saudade daquele amor tão frágil que caminhava vacilando, horas com toda a certeza de sem-fim, infinito, final bom. Horas áspero, indiferente, cuspir na sua cara palavras grossas e meus beijos reservados para um ninguém qualquer. Massacre, ainda que sem a intenção de fazer sofrer, como eu fiz.


   Você sempre teve toda a razão, ou eu que tive, e com toda essa razão, estúpida e insensível, rasguei todas as frases sonhadoras e perigosas que você inventava, alguma coisa não me deixava aceitar elas. Era demais para mim, sempre foi. E acredite, de algum jeito, continua sendo. Você ainda está aqui, e eu só percebi agora, o quanto você mora em mim, e faz falta, ainda que eu nunca mais vá ter a maldade de te querer tanto, a ponto de pedir para você voltar. Você e esse seu nome, com o sobrenome da Janis Joplin. Janis Lin Joplin. E de repente, quando eu achava que tinha esquecido de tudo, uma surpresa.


   Pela primeira vez, depois do 29 de maio, o único que eu me lembro, por motivos sublimes, me espantei, mais do que todas as vezes que tive o maior dos espantos, quando vi você dizer pela primeira vez, com o tom que me pareceu tão desconsiderante e normal, que, não sentia tanta falta. Não mais.


   Eu realmente consegui. Consegui entrar na sua vida, fazer dela meu sonho, e virar o seu. Sonhamos juntas, e sorrio, quase até choro um pouco ao dizer isso. Consegui ignorar, entender, gostar e destruir tudo, algumas vezes. Ainda posso destruir mais, mas acho que não conseguiria.


   Ainda há o que se destruir, alguma coisa ainda canta nesse espaço que vai de mim e se afasta cada vez mais de você, ou o contrário.


   Queria ter coragem de perguntar, sem mais nem menos, por onde você anda, aparecer de repente, quem sabe sorrir de um jeito estranho, daquele jeito que eu sorrio quando gosto de acabar com a saudade de te abraçar, encostar minha orelha no seu ombro sem medo, e você me acolher com um olhar para qualquer lugar.


   Alguma coisa não me deixa. Agora que eu te deixei seguir sem mim e de uma certa forma aprendi a seguir sem você. Acho que seria a coisa mais estúpida, ainda mais, se fosse sem a certeza, que de qualquer jeito, eu nunca tenho. Vai que eu me arrependo por um motivo ou por outro, ou por nenhum.


   Me disseram outro dia que eu "desapaixono muito rápido". E sinceramente, fico confusa escrevendo tudo isso, e pensando em você, então não pode ser verdade. Isso vai durar anos, talvez muito mais do que se você ainda estivesse aqui do meu lado. 


   Você me disse uma, centenas de vezes, que eu fui a primeira pessoa por quem você se apaixonou. E eu sempre fiquei em silêncio. Eu não sei, de verdade, ou não sabia, se eu já me apaixonei. Acho que não sei bem como descobrir. Mas pelo que eu sei até agora, talvez eu possa dizer que você foi a única pessoa por quem eu me apaixonei, e foi a primeira, e vai continuar sendo a primeira, vai continuar existindo e me fazendo pensar em arrancar você, de onde quer que você esteja, e fazer tudo ser como antes.


   Fiz um passeio por nosso tempo... acho que estou razoavelmente bem. No fundo, vai ser como se eu pudesse decidir a hora de gostar de você, de acordo com o que me diz a saudade.
   E você, o que me diz?

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 4/07/2011 11:29:00 PM

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