E mais nada


É, meu bem, aqui estamos. Eu sozinha, escrevendo bobagens sobre amor e mais nada. E você aí, se escondendo de mim, e pronto, deixamos assim, que já é suficiente. E só para esclarecer o que nós omitimos ali, logo atrás das mentiras ocultas, indiretas, não há nada de mim que vai para você, nem isso ao espelho, se é que você entende, ou custa a entender, como quando eu tentava te explicar tudo com metáforas criativas, ainda que impossíveis de decifrar. Minha mente aberta para o mundo e fechadinha à sua maneira para a percepção comum, só costuma atrair as pessoas curiosas, que querem dar um olhadinha aqui e ali, saber o que é que está dentro da caxinha colorida e piscante.


Só ando arrastando mais e mais gente curiosa, e talvez fazendo tudo de errado, repetindo o que você fez comigo, que me ensinou a ter raiva das pessoas que a gente gosta, e quer sentir a temperatura da mão, na hora que incomoda o canto esquerdo de tudo o que pulsa do outro lado da pele.


Dia é só um outro jeito de dizer perda de tempo, que eu nunca consigo encontrar. Sei que só estou fazendo salada de frutas com suas idéias, mas não controlo, me ensinaram assim, mesmo que odeie deixar seus olhos vazarem. Apesar de tudo, tenha uma boa noite, uma boa vida, são 22 e 22, Vou dormir. Agora.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/23/2010 10:23:00 PM | 1 comentários

Corda estúpida


Se eu estivesse aí dentro, seria melhor que você, pensaria em flores, e como elas chegariam até as minhas mãos, nem que fosse direto das suas, fora de um sonho qualquer. Eu escreveria cartas quase todos os finais de semana dizendo que estava com imensas saudades, até amanhã. Sim eu iria todos os dias dar pelo menos um sorriso, um sinal de existência, apesar de todo o mal-humor, toda a preguiça. Eu cuidaria até o sufoco, até a loucura, eu provaria por mais equivocadamente que fosse, que eu preciso de pouca coisa para continuar vivo, mas só um golinho de você basta para que eu continue, por pelo menos um dia. Eu traria o cansaço de ver sempre o mesmo rosto.


Mas eu não faria isso comigo. Eu não me confundiria, não me faria olhar rápido para as palavras erradas. Eu não arrancaria pétala por pétala do meu coraçãozinho de margarida branca. 


Já que me perguntam o que eu penso disso agora, eu não consigo evitar de dizer que não acho nada, prefiro que você simplesmente desapareça como lentes de contato em chão de feira. Não entendo disso direito, mas às vezes vem a raiva repentina, e então eu sinto falta duma coisa tão leviana, que eu já deveria ter esquecido, antes da hora. Não vale a pena isso tudo, não é ?


Estou meio sem equilíbrio, agora que perdi o ponto fixo, para o qual eu tinha o raro conforto de olhar, quando alguém estalava os dedos para eu acordar e ver alguma coisa dentro de você, que pudesse ser boa para mim, depois de algumas conversas.


E agora, me sinto de novo, um nada para ninguém. Os desconhecidos não me interessam, e os conhecidos nunca aparecem para dar bom dia na hora certa. Eu sempre estou longe, muito longe de tudo.


Nessa corda-bamba, parece mais fácil fazer saltos mortais e me atirar do que simplesmente procurar mais equilíbrio numa situação tão estúpida e vulnerável.


Pensar que um dia depois, eu esqueceria tudo, e conheceria um alguém com asas, que me levaria junto, para o resto do mundo. Se eu soubesse não teria pulado. Que culpa teve o precipício ? Se a precipitada era eu? Andei até lá, olhei, lá em baixo, e fui ver mais de perto. Adeus, céu, te vejo mais tarde, se é que não fui uma menina tão má.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/23/2010 09:27:00 PM | 0 comentários

Cinzentos Malditos.


O mundo insiste em sacudir, e eu estou agitada, tenho a cara da cafeína em todas as suas formas. Não agüento ouvir nada além de elogios, as críticas e a consciência dos meus erros já me cansaram o suficiente, por mais que eu esteja da pior forma, a mais errada de todas, eu não vou dizer isso nem indiretamente.


Estão me entediando, a conversa, a perfeição, o quadradismo. Se eu tivesse um anjo, desejaria todos no inferno, ou pelo menos para fora do meu quarto, e depois da minha vida, se não for tão incômodo como é para mim, ter vocês sussurrando palavras gritantes pelas costas, entre dentes sangrentos, essas bocas pingando veneno e desejo da angústia alheia. Eu sou tão pior do que você, espero que você chore toda vez que lembrar disso, e do meu sorriso vazio, tamanha a falta de maldade dentro dele, e até dentro de mim. Não, não dentro de mim. Se ela estiver por perto, só está nos meus olhos, acho que peguei de vocês, cinzentos malditos.


A culpa não é mais minha se deixei a aflição de ver sangue. Mesmo sem dono, a colocaria sem a menor preguiça em vocês, porque meus olhos não agüentam mais o cheiro de café com coca-cola todos os dias. Eles estão cansados de ampliar os horizontes, e logo, logo estarão se fechando.


Esta será a última doze, lamento dizer que da próxima vez que tentarem manter-me acordada, serei obrigada a explodir uma por uma dessas mentes desocupadas que me inventaram esses livros inexos, furando meu cérebro com cada letra, palavra, obrigação. Obrigada, foi fantasticamente inútil tentar me escupir.


Agora falo sério, não darei mais atenção aos pensamentos destes porcos. Vejam só que lindo animalzinho criaram aqui dentro do meu coração, eu poderia até comer uma lebre viva. Sou mesmo um animal. Nasci animal e de súbito tiraram todos os meus instintos. Agora eu sei muitas, tantas outras coisas. Sei que preciso saber uma porção de conhecimentos próprios de um idiota sem órgãos, sem pais, sem filhos, sem idiota. Desculpem-me, caros idiotas, ainda não sou uma máquina. Por isso boa noite, desisto. Eu desisto.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/16/2010 06:26:00 PM | 0 comentários

Oui, mon amour


Te conheci já não era mais tarde, pra ser mais precisa, passavam das dez, mas a noite ainda era um pouco azul, eu podia ver as nuvens, desalaranjando devagar, atrás dos edifícios aparentemente da mesma cor. Todos eles.


Anoitecer e amanhecer, um encontro repentino, e possivelmente desejado, há algum tempo, não se sabe se por mim, se por você, talvez por ambos. Bom, mas afinal, eu nem mesmo te conheço agora, nem mesmo depois de um brinde ao azar daqueles que não amam, e aqueles que condenam a boa música, acompanhado de risos espontâneos, com som de velhos amigos, e pitadas de rock and roll.


A noite fria nos pegou de madrugada, então você me ofereceu sua jaqueta jeans, fingindo ter aprendido isto num filme antigo, mas com um ar de solenidade, incrivelmente sério, que me fez rir baixo.


O céu ficava cada vez mais claro, e nós corríamos contra ele, corríamos atrás da noite, para que ela durasse mais.


Ainda embaixo do azul escuro, eu perguntei se poderíamos viver para sempre ali, o mesmo dia e a mesma noite, enquanto você acendia um cigarro, com um isqueiro de metal. Fiquei surpresa e ainda assim feliz mesmo sabendo que tratava-se do impossível, quando me beijou a ponta do nariz e disse apenas "oui, mon amour".

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/07/2010 04:59:00 AM | 0 comentários

Tão errado.

Nem que me chame de louca, que tenha medo de mim, e que diga catorze mil nãos, eu vou deixar de insistir em assistir ao silêncio de te ver dormir.
   Me sinto tão sem medos como um bêbado assumido e consumido, ainda que amanhã precise de uma coragem independente, para te ver pelos olhos, e trocá-los pelos meus, até que enfim eu esqueça a diferença de estar em você, e estar em mim, com você.

   Eu sei, olho rápido e apressado para as palavras.
     O que eu posso fazer ou desfazer, se isso parece melodia? É tão normal, e tão esperado fingir que está tudo bem. Eu já te disse que odeio quando está "tudo bem". Pra quê estar bem se pode estar errado, bagunçado, sujo e virado de ponta cebeça ? Não ganho nada com o contrário, só mais tempo livre para pensar no quanto tudo podia estar pior, estando assim, consideravelmente melhor para mim, e quem sabe até, para você.
   Não, não, não. Está tudo errado. Quem é mesmo que está aí desse outro lado que deveria estar aqui, e não lá ? Gostaria mesmo, de ter você de volta, ou de ida, nunca o tive aqui mesmo. A propósito, tenho medo de certos de tipos de multidões, de armas de fogo, e do vazio, mas não tenho medo de você, nem de viagens, nem de gostar.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/07/2010 03:48:00 AM | 0 comentários