Areia
Sair de perto das outras pessoas era como tomar um outro rumo, ou poder olhar direito para os olhos que deitavam comigo, e não saiam de lá, mesmo depois de horas, e parecia que tudo era infinito, e que continuaria igual, no mesmo lugar.
Nossas conversas quase sempre levianas e sonhadoras não nos deixava ouvir mais nada, e havia um certo medo dentro de mim, da sua felicidade nos assuntos que me deixavam com vontade de te trancar numa caixa e guardar para mim e mais ninguém. Claro que eu não quero ir embora, e sempre tentamos fazer esse pensamento não volte, com um toque, ou um sorriso, é dele que não precisamos.
Eu me distraía nas suas sardas na pele rosada, e insistia em silêncio, para que você olhasse para mim e me beijasse rapidamente, só para eu não ter que dizer nada, nada que você não saiba.
Você odiava a praia, tanto quanto eu odiava te ver sem mim, na praia. Era bom segurar sua mão, mesmo com todo o vento e as gotas de água que respingavam em mim, nos fazendo rir.
Estávamos apenas andando, mas na minha imaginação, corríamos e fazíamos saltos impossíveis e loucos, que nos davam preguiça, então era melhor deitar.
Passamos o tempo olhando pro céu, e para as estrelas dos olhos, que iam desaparecendo ao escurecer e iam ficar perto da lua. Apesar dos meus joelhos e mãos cobertos pela areia, era inevitável te abraçar e nadar no mar de grãos. Era estranho, toda aquela maresia, o tempo devagar, mas finalmente fomos tirar os grãos do corpo, e deitar numa rede fria. Agora minhas bochechas também estavam rosadas, eu que tinha jurado não mostrar a cara para o sol, e enquanto começava a sonhar você olhava para os meus cabelos mais claros, depois da praia e eu beijava seu sorriso, para dormir melhor.

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