De abandono






Poderia assistir você dormir, mas o cinema era mais perto do que a noite e a cama. Afinal vim ver você, não o filme. Descontar toda a minha raiva dessa sua habilidade descomunal de me fazer ciúme, preferindo chorar, sem ter mesmo outra escolha. Minha raiva da sua felicidade, de me ver triste e poder colher minhas lágrimas como alguém que plantou uma prova do meu amor, e agora: a saudade, até mesmo de ter raiva, porque eu acho que gosto de você, da forma que uma xícara transborda sopros, da forma que eu abro meus olhos cem vezes depois de cada abraço. Não tenho medo de não te achar porque sou pouco demais. Tenho medo, porque você é tanto...
Diálogos gritantes entre vizinhos. À esta gente não tão próxima, digo com um meio orgulho à curiosidade alheia que você agora me deixa, e não vai mais voltar.
-Ela vai pra Itália!!!
-De passeio?!?!
-Não, de abandono...!!!!
Eu prometi não dizer mais para onde você iria, "Vai embora e basta!", quero este nome distante, mais do que você vai estar de mim.
Quando liguei, não era sua voz: uma tentativa frustrada de me fazer acreditar que você recusava minha preocupação.
E você não cansa de colher minhas lágrimas, ou eu que não canso de alimentá-las, elas não param de crescer, pintaram em mim um pequeno sorriso para manter o controle, fingir que tudo vai, bem, mas não tanto. O que foi? Nada.
Você correndo atrás dos pombos formando uma nuvem com centenas deles, enquanto eu estragava sua brincadeira, insultando-os, vermes, ratos alados...e rindo, pelos cantos mais obscuros do meu riso mais mastigante. Sei que você poderia comê-lo. A imagem poderia até me encantar, você corria no sol, eu queria te abraçar, mas fazia perguntas frias, por puro medo. Medo de que aqueles beijos fossem os últimos.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 12/07/2010 11:48:00 PM | 1 comentários

Itália

Chegaram a uma conclusão: sou complexa. Metade das pessoas diz que isso é bom, muitas outras não dizem nada. Não entendem nada. Acho que nem você me entende, muitas vezes. Acho que as palavras esqueceram de como sair da minha boca pra te mostrar que eu te vejo, criança, tão pequena, e te cerco com meus braços e você não pode fazer nada, às vezes isso me faz mal, quando vejo nem sempre lhe faz bem. Eu faria de tudo para pôr um juízo nessa sua cabeça, cresça, cresça, mas caiba dentro de mim.


Passei a noite sonhando comigo: sem graça, des-graça, palavras e palavras, sempre as mesmas, parecia que eu as lia, mas não podia escrever, nem esquecer, e repetia pra acordar e te dizer. Não disse.


Meu sonho hoje era que a Itália, a Espanha, e todos os outros lugares do mundo que você pudesse ir, fossem aqui, então você não poderia ir pra longe de mim, você não iria a lugar algum.


Tentei te ligar muitas vezes, e por um instante tive medo de esquecer sua voz, trocada pela secretária eletrônica, que parecia estar tramando absurdos para que eu não pudesse te encontrar. Foi apenas um momento de exagero.


Você continua aqui, consegui falar com você, você atendeu. Pronto, nada mais pode dar errado. A ligação não foi tão curta, foi suficiente, desligo. Sinto saudades, algo tão repentino e inquietante, e ligo de novo, não foi tanto tempo assim, preciso falar com você (mais e mais). Nunca sei o quê, mas sempre falta alguma coisa, como um colar sem fechar, que pode cair a qualquer momento, enquanto corremos em volta de nós mesmas, arrumando um jeito, uma idéia, de conseguir agarrar, uma a outra, pela última vez, sem chances de saída, de fugir ainda que sem vontade de ir embora.


O que falta na verdade, é um pouco mais de mim, e só um pouco mais de você, algum lugar, sem telefones, sem colares, sem nada, sem Espanha, sem Itália.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 12/02/2010 06:35:00 PM | 0 comentários

Antes do fim: uma tarde

Afinal, houve realmente uma intenção de contar sobre a tarde. Eu fingia fingir não ter nenhum propósito, enquanto apenas a trazia para mais perto de mim. Convidei a tarde para sentar na beira da minha cama, e como tantas vezes, eu conversei com meu travesseiro, que me traduzia o que a tarde lhe contava, no dia em que passei aquela tarde com você, num quarto trancado, com uma rede aberta, e um céu de cor.
Eu sei de cor que gostaria de você com tatuagens coloridas e com aspectos de quebra-cabeça de vitral, com figuras bizarras e flores inventadas, mas se você tivesse, eu não gostaria de você. Porque eu queria poder só gostar de você exatamente assim como você está agora, mesmo que você esteja dormindo ou acordando.



Gostaria de fazer uma exposição de fotos penduradas com pregadores de roupa na tour eiffel de pessoas nuas correndo atrás de um carrossel capaz de chamar mais atenção que elas. Mas elas seriam abordadas por policiais assustadores, e elas não seria tão bravas para discutir com eles.


Por isso prefiro concluir que você é a pessoa mais valente entre todas as pessoas nuas que eu imaginei e mais tatuada do que todas as mulheres furadas e pintadas que eu vi, porque você seria a única a dividir uma tarde comigo, numa rede, numa cama, num chão, num céu, azul.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 11/21/2010 02:52:00 AM | 0 comentários

Fim




Prometo que só você entenderá cada pedaço de palavra que eu disser, repetir, reescrever, outra vez, e desta vez, com as minhas próprias mãos. Esta tarde passou primeiro pela própria tarde , depois passou por meus olhos, minha mente triturou até os cantos daquele quarto trancado, e agora eu finjo ser alguém inspirado e encantador, mas na verdade, ou foi você, ou foi a tarde, ou foi a chave, quem pensou em tudo.

Minha cabeça é tão oca quanto um tronco ruído, um copo cheio de ar, um sala entupida de eco, um silêncio insuportável, mas que eu nunca consigo ouvir, porque sempre, a todo o tempo existe algo atrapalhando, colorindo, informando, dentro do algodão-doce rosa e húmido que molha as paredes do meu crânio.


Eu não invento nada. Sou apenas uma reles vivedora de coisas normais, que por sua causa transforma cada som das frases, na mente dos outros, em músicas inteligíveis, confusas, e cruas.


Sua loucura, disfarçada em pequenos cachos rasgados, não me engana, minha mente é fruto do seu mistério, sou inquieta, perspicaz, e quase nunca tenho culpa quando que não quero ter.


Algumas pessoas indignam-se com os fins que findam sem ar de fim. Só sabe quando realmente é a hora do fim, aquele que o faz, e agora é fim, e a tarde ficou para trás, como se eu nunca tivesse fingido pretender falar nela.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 11/21/2010 01:40:00 AM | 0 comentários

Idéias cort-adas


Posted by Menina Radiguet Drubi | às 11/21/2010 01:36:00 AM | 0 comentários

Bem observado...






Se as vacas bebessem leite,
seriam seres autótrofos.


O cotovelo para mim é um
joelho velho.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 11/02/2010 03:41:00 PM | 1 comentários

Areia

Sair de perto das outras pessoas era como tomar um outro rumo, ou poder olhar direito para os olhos que deitavam comigo, e não saiam de lá, mesmo depois de horas, e parecia que tudo era infinito, e que continuaria igual, no mesmo lugar. 


Nossas conversas quase sempre levianas e sonhadoras não nos deixava ouvir mais nada, e havia um certo medo dentro de mim, da sua felicidade nos assuntos que me deixavam com vontade de te trancar numa caixa e guardar para mim e mais ninguém. Claro que eu não quero ir embora, e sempre tentamos fazer esse pensamento não volte, com um toque, ou um sorriso, é dele que não precisamos.



Eu me distraía nas suas sardas na pele rosada, e insistia em silêncio, para que você olhasse para mim e me beijasse rapidamente, só para eu não ter que dizer nada, nada que você não saiba.


Você odiava a praia, tanto quanto eu odiava te ver sem mim, na praia. Era bom segurar sua mão, mesmo com todo o vento e as gotas de água que respingavam em mim, nos fazendo rir.


Estávamos apenas andando, mas na minha imaginação, corríamos e fazíamos saltos impossíveis e loucos, que nos davam preguiça, então era melhor deitar.


Passamos o tempo olhando pro céu, e para as estrelas dos olhos, que iam desaparecendo ao escurecer e iam ficar perto da lua. Apesar dos meus joelhos e mãos cobertos pela areia, era inevitável te abraçar e nadar no mar de grãos. Era estranho, toda aquela maresia, o tempo devagar, mas finalmente fomos tirar os grãos do corpo, e deitar numa rede fria. Agora minhas bochechas também estavam rosadas, eu que tinha jurado não mostrar a cara para o sol, e enquanto começava a sonhar você olhava para os meus cabelos mais claros, depois da praia e eu beijava seu sorriso, para dormir melhor.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 11/01/2010 04:17:00 PM | 0 comentários

Carneiro





Uma menina muito pequena estava acordada numa cama muito grande, em alguma hora da madrugada. Ela bebia muitas xícaras de leite morno e afundava em todos os travesseiros que tinha. Tudo que ela queria era um punhado ou um pacotinho de sono, que fizesse ela acordar com mais sono no outro dia, para tomar café com cara de sono e com voz de sono. Ela lia livros de todos os tamanhos, com letras de todas as cores, e mesmo assim, continuava acordada. Não gostava de contar carneirinhos, pois ela não sabia qual número vinha depois do 64 e tinha pena dos carneiros que pulavam sem parar, uma vez até, pediu para um ler uma história para ela. Então ela fechou os olhos, sem apertar tanto, e sonhou com um campo de flores, e a canção de ninar: quase dormiu.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 10/31/2010 01:15:00 AM | 1 comentários

Bombas

Devo no mínimo dizer que estas coisas estavam atrasadas e impacientes para serem escritas. Quando se conta, às vezes parece patético, as pessoas riem, mas de perto é um pouco mais barulhento, digamos assim. Não quero ter certeza nem lembrar da data exatamente, mas acho que já faz um ano que ouvi pela primeira vez os gritos mais gentis de uma guitarra, acompanhados por letras duvidosas e alguns olhares melodiosos.


Até hoje é difícil evitar pensar em outras coisas, olhar para outro lado, o máximo é sempre tocar o copo molhado com os dedos, ou fingir beber a coca.


Os encontros costumavam ser mais constantes, era o tempo suficiente para eu não conseguir esquecer de nada.Nada.


E aos poucos aqueles ruídos foram se afastando cada vez mais, até eu ver a imagem muda, só suas caras, e seus dedos longos. Mas eu varria os rostos e os sons, e comecei até a ver coisas, então eu caí.Caí depois de ver mil cópias de uma mesma canção doce, até tentei tocá-la, mas ela sangrou dentro de mim, até o mundo desaparecer, sair voando, enquanto eu procurava pelo mundo, porque eu tinha esquecido que você está lá dentro, e não aqui.


Então eu levantei, e tinha vinte e um anos, já era alguma coisa, apesar de ser apenas uma noite antes da vidinha que voltaria em breve...


Eu não estava me importando muito, na realidade. Ainda era meia noite, e você estava brindando ao uísque, comigo e mais tantas pessoas, mas eu sorri e olhei para o palco, e manchei o copo com batom vermelho. Depois de algumas músicas, algumas doses, e devaneios, depois de tanto tempo olhando fixamente para um mesmo ponto, eu caí. De novo. Mas o chão não estava lá, pensei seriamente na hipótese de ser só um sonho que eu iria esquecer depois, mas eram dois braços, e eu pude sentir pela primeira vez, os dedos longos que antes só apareciam junto às cordas vibrantes. Sua voz estava mais alta que o resto, e mais alta do que as outras vezes que eu já ouvira, nos microfones e nos breves cumprimentos. Você perguntou se estava tudo bem, provavelmente eu não pude responder, mas acho que estava claro. Na mesma noite a cena se repetiu, até a madrugada dizer que logo seria manhã e você estava indo embora, dando a volta na rua vazia com seu carro cinza-comum.


Devo ter ficado em transe por alguns minutos, afinal, era inaceitável que fosse tão simples você ir embora e pronto, lá estava eu às duas tarde com a cara no travesseiro, sem me conformar que aquilo havia sido verdade, mas tinha acabado.


Solos de guitarra bombardeiam garotas tolas e jovens, arrancam seus corações e tornam-se fixação, loucura e um sofrimento muitíssimo agradável.Recomendo.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 10/28/2010 05:45:00 PM | 2 comentários

Ameixa, outra vez


Eu não sei bem como começar a desenrolar este pergaminho esquecido e desarrumado, que vem pesando, há algum tempo, logo depois daquele dia que eu disse coisas que não deveria, porque eu não tinha certeza, mas elas agora, estão certas, para mim. A lentidão de ter percebido isso agora, talvez me leve ao nada, e a solidão vai me pegar de surpresa na outra esquina, e mais uma entre muitas vezes, voltarei a ter raiva do amor, já que você não quer mais me ter, como amor.

Acho que eu poderia até jurar que meu coraçãozinho de margarida branca, nunca foi de outra pessoa, mesmo que o tenha mencionado, quando pensava em um outro alguém com segundas intenções, mas você deve ter sido sempre a minha primeira intenção, mesmo que de uma forma acanhada nos meus pensamentos. Você deve ter sido a minha primeira. A primeira das frutas, que por um sem-motivo-qualquer resolveu me chamar de fruta, enquanto a fruta na verdade, era você. Um rosto rosado e tímido, de ameixa rosada, e tímida.
É inaceitável, que quase no fim do que eu era para você, eu ver que você não virou nada, sempre foi desse seu jeito, para mim. Contudo, o que eu mais andarei sonhando, é que surja um pontinho daquela ameixa, me aceitando de volta. Pode ser assim ? Pode ser que você ainda sonhe com os olhos castanhos invadindo sua janela, quando você pensa ter esquecido deles, para sempre ?
Era bom ouvir você dizendo que queria ficar, ver você rabiscando suas fantasias, jovens demais para a sua idade.


Não sei explicar o conforto, mas é como se um abraço seu, fosse cama quente e macia, numa tarde fria depois da praia.
A melhor coisa do mundo, é não ter medo de escancarar o amor na sua cara. Ele é
todo meu. mas eu te dou, se você quiser.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 10/02/2010 10:19:00 PM | 0 comentários

E mais nada


É, meu bem, aqui estamos. Eu sozinha, escrevendo bobagens sobre amor e mais nada. E você aí, se escondendo de mim, e pronto, deixamos assim, que já é suficiente. E só para esclarecer o que nós omitimos ali, logo atrás das mentiras ocultas, indiretas, não há nada de mim que vai para você, nem isso ao espelho, se é que você entende, ou custa a entender, como quando eu tentava te explicar tudo com metáforas criativas, ainda que impossíveis de decifrar. Minha mente aberta para o mundo e fechadinha à sua maneira para a percepção comum, só costuma atrair as pessoas curiosas, que querem dar um olhadinha aqui e ali, saber o que é que está dentro da caxinha colorida e piscante.


Só ando arrastando mais e mais gente curiosa, e talvez fazendo tudo de errado, repetindo o que você fez comigo, que me ensinou a ter raiva das pessoas que a gente gosta, e quer sentir a temperatura da mão, na hora que incomoda o canto esquerdo de tudo o que pulsa do outro lado da pele.


Dia é só um outro jeito de dizer perda de tempo, que eu nunca consigo encontrar. Sei que só estou fazendo salada de frutas com suas idéias, mas não controlo, me ensinaram assim, mesmo que odeie deixar seus olhos vazarem. Apesar de tudo, tenha uma boa noite, uma boa vida, são 22 e 22, Vou dormir. Agora.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/23/2010 10:23:00 PM | 1 comentários

Corda estúpida


Se eu estivesse aí dentro, seria melhor que você, pensaria em flores, e como elas chegariam até as minhas mãos, nem que fosse direto das suas, fora de um sonho qualquer. Eu escreveria cartas quase todos os finais de semana dizendo que estava com imensas saudades, até amanhã. Sim eu iria todos os dias dar pelo menos um sorriso, um sinal de existência, apesar de todo o mal-humor, toda a preguiça. Eu cuidaria até o sufoco, até a loucura, eu provaria por mais equivocadamente que fosse, que eu preciso de pouca coisa para continuar vivo, mas só um golinho de você basta para que eu continue, por pelo menos um dia. Eu traria o cansaço de ver sempre o mesmo rosto.


Mas eu não faria isso comigo. Eu não me confundiria, não me faria olhar rápido para as palavras erradas. Eu não arrancaria pétala por pétala do meu coraçãozinho de margarida branca. 


Já que me perguntam o que eu penso disso agora, eu não consigo evitar de dizer que não acho nada, prefiro que você simplesmente desapareça como lentes de contato em chão de feira. Não entendo disso direito, mas às vezes vem a raiva repentina, e então eu sinto falta duma coisa tão leviana, que eu já deveria ter esquecido, antes da hora. Não vale a pena isso tudo, não é ?


Estou meio sem equilíbrio, agora que perdi o ponto fixo, para o qual eu tinha o raro conforto de olhar, quando alguém estalava os dedos para eu acordar e ver alguma coisa dentro de você, que pudesse ser boa para mim, depois de algumas conversas.


E agora, me sinto de novo, um nada para ninguém. Os desconhecidos não me interessam, e os conhecidos nunca aparecem para dar bom dia na hora certa. Eu sempre estou longe, muito longe de tudo.


Nessa corda-bamba, parece mais fácil fazer saltos mortais e me atirar do que simplesmente procurar mais equilíbrio numa situação tão estúpida e vulnerável.


Pensar que um dia depois, eu esqueceria tudo, e conheceria um alguém com asas, que me levaria junto, para o resto do mundo. Se eu soubesse não teria pulado. Que culpa teve o precipício ? Se a precipitada era eu? Andei até lá, olhei, lá em baixo, e fui ver mais de perto. Adeus, céu, te vejo mais tarde, se é que não fui uma menina tão má.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/23/2010 09:27:00 PM | 0 comentários

Cinzentos Malditos.


O mundo insiste em sacudir, e eu estou agitada, tenho a cara da cafeína em todas as suas formas. Não agüento ouvir nada além de elogios, as críticas e a consciência dos meus erros já me cansaram o suficiente, por mais que eu esteja da pior forma, a mais errada de todas, eu não vou dizer isso nem indiretamente.


Estão me entediando, a conversa, a perfeição, o quadradismo. Se eu tivesse um anjo, desejaria todos no inferno, ou pelo menos para fora do meu quarto, e depois da minha vida, se não for tão incômodo como é para mim, ter vocês sussurrando palavras gritantes pelas costas, entre dentes sangrentos, essas bocas pingando veneno e desejo da angústia alheia. Eu sou tão pior do que você, espero que você chore toda vez que lembrar disso, e do meu sorriso vazio, tamanha a falta de maldade dentro dele, e até dentro de mim. Não, não dentro de mim. Se ela estiver por perto, só está nos meus olhos, acho que peguei de vocês, cinzentos malditos.


A culpa não é mais minha se deixei a aflição de ver sangue. Mesmo sem dono, a colocaria sem a menor preguiça em vocês, porque meus olhos não agüentam mais o cheiro de café com coca-cola todos os dias. Eles estão cansados de ampliar os horizontes, e logo, logo estarão se fechando.


Esta será a última doze, lamento dizer que da próxima vez que tentarem manter-me acordada, serei obrigada a explodir uma por uma dessas mentes desocupadas que me inventaram esses livros inexos, furando meu cérebro com cada letra, palavra, obrigação. Obrigada, foi fantasticamente inútil tentar me escupir.


Agora falo sério, não darei mais atenção aos pensamentos destes porcos. Vejam só que lindo animalzinho criaram aqui dentro do meu coração, eu poderia até comer uma lebre viva. Sou mesmo um animal. Nasci animal e de súbito tiraram todos os meus instintos. Agora eu sei muitas, tantas outras coisas. Sei que preciso saber uma porção de conhecimentos próprios de um idiota sem órgãos, sem pais, sem filhos, sem idiota. Desculpem-me, caros idiotas, ainda não sou uma máquina. Por isso boa noite, desisto. Eu desisto.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/16/2010 06:26:00 PM | 0 comentários

Oui, mon amour


Te conheci já não era mais tarde, pra ser mais precisa, passavam das dez, mas a noite ainda era um pouco azul, eu podia ver as nuvens, desalaranjando devagar, atrás dos edifícios aparentemente da mesma cor. Todos eles.


Anoitecer e amanhecer, um encontro repentino, e possivelmente desejado, há algum tempo, não se sabe se por mim, se por você, talvez por ambos. Bom, mas afinal, eu nem mesmo te conheço agora, nem mesmo depois de um brinde ao azar daqueles que não amam, e aqueles que condenam a boa música, acompanhado de risos espontâneos, com som de velhos amigos, e pitadas de rock and roll.


A noite fria nos pegou de madrugada, então você me ofereceu sua jaqueta jeans, fingindo ter aprendido isto num filme antigo, mas com um ar de solenidade, incrivelmente sério, que me fez rir baixo.


O céu ficava cada vez mais claro, e nós corríamos contra ele, corríamos atrás da noite, para que ela durasse mais.


Ainda embaixo do azul escuro, eu perguntei se poderíamos viver para sempre ali, o mesmo dia e a mesma noite, enquanto você acendia um cigarro, com um isqueiro de metal. Fiquei surpresa e ainda assim feliz mesmo sabendo que tratava-se do impossível, quando me beijou a ponta do nariz e disse apenas "oui, mon amour".

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/07/2010 04:59:00 AM | 0 comentários

Tão errado.

Nem que me chame de louca, que tenha medo de mim, e que diga catorze mil nãos, eu vou deixar de insistir em assistir ao silêncio de te ver dormir.
   Me sinto tão sem medos como um bêbado assumido e consumido, ainda que amanhã precise de uma coragem independente, para te ver pelos olhos, e trocá-los pelos meus, até que enfim eu esqueça a diferença de estar em você, e estar em mim, com você.

   Eu sei, olho rápido e apressado para as palavras.
     O que eu posso fazer ou desfazer, se isso parece melodia? É tão normal, e tão esperado fingir que está tudo bem. Eu já te disse que odeio quando está "tudo bem". Pra quê estar bem se pode estar errado, bagunçado, sujo e virado de ponta cebeça ? Não ganho nada com o contrário, só mais tempo livre para pensar no quanto tudo podia estar pior, estando assim, consideravelmente melhor para mim, e quem sabe até, para você.
   Não, não, não. Está tudo errado. Quem é mesmo que está aí desse outro lado que deveria estar aqui, e não lá ? Gostaria mesmo, de ter você de volta, ou de ida, nunca o tive aqui mesmo. A propósito, tenho medo de certos de tipos de multidões, de armas de fogo, e do vazio, mas não tenho medo de você, nem de viagens, nem de gostar.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 9/07/2010 03:48:00 AM | 0 comentários

Sangue, sangue




Minha respiração não estava ofegante, e nunca diria isso só para que tudo parecesse mais real ou perigoso. Já a dez metros da porta de casa, senti como se mais nada pudesse me fazer mal, e eu sei a razão. A mesma pela qual todas as pessoas se sentem bem, quando estão trancafiadas, presas entre quatro ou dez mil paredes, cercadas por tantos outros, (e mais altos) muros.



Lá fora, está travada um guerra até então sem fim, e covardiamente, sem culpa, segundo os culpados. Claro, quem quer carregar nos ombros o peso da culpa do massacre no Brasil ? Os que não querem estão provavelmente transformando o seu dinheiro em benefício, saúde e em tantas outras coisas, para si mesmos. Ou estão em casa, empilhando palavras hipócritas numa tela colorida. Auto-criticando-se ? Talvez seja o máximo que eu alcance.




O instante foi lento e pesado, como se algo se aproximasse de mim, com um medo disfarçado em drogas, que me fazia ter mais medo que a própria coisa. Como eu vou saber se acaba aqui, ou amanhã ? Consegui apenas entender, e por mim mesma, que cada dia que durmo e acordo, sou sobrevivente. Não digo isto à toa. Estamos realmente, dentro de uma roleta russa, um nó cego, e muito apertado, e a cegueira derrama sangue o suficiente para dar banho em todos aqueles que mentem, na televisão, na escola, e nos antros governamentais. Não há mais espaço para dizer "crime", ou culpar os filhos da rua que colocam na prática tudo o que lhes foi ensinado, e devo dizer, que o fazem, e muito perfeitamente. Imagine só, se tivessem aprendido ao contrário!... Mas não é assim.








Falamos de boca aberta, e com muito orgulho (de sermos brasileiros), daqueles países "acima" de nós que cavam buracos tão fundos quanto os nossos, mas por outro lado, são buracos assumidos, e com nome, bastante claro: g-u-e-r-r-a.




Mas se tudo der certo, e certo até demais para falar a verdade, a última e maior bomba que explodir, em breve, explodirá em flores, alguns minutos de silêncio para outros de música e paz.




E me aproximando da porta de casa, acompanhando o início da chuva, não me preocupei com a roupa molhada, era só água. Poderia ser sangue.




Posted by Menina Radiguet Drubi | às 8/19/2010 04:19:00 PM | 3 comentários

Dorme


A cidade do alto parece mais bonita, até mesmo os prédios parecem compor a visão daqui de cima. Estar no alto me lembra da vertigem comum em todo mundo, e a vontade de voar de algumas pessoas. Uma música bonita e triste, o compositor certamente estava num dia parado, chuvoso, e pensava em alguém que havia perdido. Amores à parte, depois de um céu branco, e uma tarde de frio, tive vontade de não ter vontades, não quis comer, ou tomar banho, e tampouco pensar em ti.
Mas não fui forte o suficiente para impedir que meus pensamentos conversassem com você, te dizendo para ter uma boa noite e não pensar no drama do mundo. Vi você lá no assoalho chorando, menina. tocando no tapete branco com a ponta dos dedos e chorando. Sem razão. Deixe de solidão, vá ver a chuva. Experimente seu chá de maçã na pequena xícara rosada que tanto gosta.
É tão confortável esse céu. Essas nuvens redondas e macias, brincam de pique-esconde com o sol, estrela da manhã.
Dorme, meu bem, é só uma chuva querendo te fazer chorar também...

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 7/24/2010 04:28:00 PM | 0 comentários

Juventude corrompida




Não que isso mude alguma coisa, mas para quem ouvia falar dela, esse pequeno detalhe só tornava sua figura mais sórdida e anormal, mas ela não dava tanta importância. Namorava. Namorava meninos... mas principalmente meninas. Tinha amigos estranhos e idéias tão loucas quanto estes, e quando se encontravam, fosse em bares ou em casa, a noite só acabava depois de três ou quatro dias. Imaginar a vida como uma rave constante se tornava difícil, porque quase sempre sua vida era uma rave, e ela nem se dava conta. Sonhos neon, sonhos de aurora. Aurora boreal. Menina do azul, do mar de ácool, florestas de ervas perfumadas, e talvez venenosas.
Seus delírios de acordar e cheirar as flores do seu quintal, com um aroma de loucura e abismo.
Fechava os olhos no infinito de cada beijo, abria apenas para ver outros olhos fechados, e assim se apaixonava profunda, imersamente por figuras extremamente opostas, alheias e acima de tudo, peculiares. O professor, o vizinho, o guitarrista de uma banda qualquer, uma amiga distante, o homem que patinava no gelo, e até desconhecidos, ou aqueles que não sabiam sequer da sua existência. O fato, é que realmente ela sentia gosto por isso. A sensação de "não existir" para alguém, sendo que este alguém existia tanto dentro dela. Paixões tão platônicas quanto ela era alucinada, distante de tudo e de quase todos.
Falavam sim, às vezes muito mal. O máximo que ela podia pensar era "danem-se", e acreditem quando eu digo que apesar de tudo, ela era sensível, e gostava de se divertir, e flutuar em chão sólido com certa embreaguês, por prazer, e para deixar o mundo mais alegre, dentro dela mesma.


Ninguém muda completamente, apesar dos anos que se passam, e do mundo que envelhece e traz com sua velhice, a velhice daqueles que antes eram jovens, e uma outra juventude com costumes e roupas estranhas para os antigos novos...


Agora ela está na praia, num maiô vinho, acabou de fumar algo que todos pensam ser um cigarro. Afinal, o que faria uma senhora de 73 anos com maconha ? E enquanto aprecia sua droga, com uma amiga de longo prazo, observa um grupo de amigos com seus 17 anos, bebendo vodka e chamando atenção com suas risadas, comenta ironicamente e pensa se é algo de sangue "essa juventude corrompida..."

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 7/19/2010 09:30:00 PM | 0 comentários

Vai ser bom olhar para a Lua...

Pura paranóia, ou talvez até, ciúme doentio e secreto de algo que provavelmente não exista. No início de uma nova viagem, é sempre normal ter medo de se perder, ou de te perder. Não gosto de concluir, muito menos analisar nada, sem que seja olhando nos seus olhos, assim vou ter certeza de que você não está escondendo ou deixando de falar nada que anda lhe perturbando ou lhe deixando dúvidas quanto ao que pretende fazer comigo.

Enquanto isso me inquieta, e você nem suspeita, procuro não evitar chocolate e outras coisas tão cheias de açúcar quanto eu, para disfarçar a minha saudade repentina, por não te ver apenas cinco horas. Cinco minutos depois de estar com você é como uma longa viagem solitária, onde eu lembro das últimas horas que passei falando dos meus sonhos, como se fizesse uma década que eu não pude te ver.

Com sorte, você não ficará como eu, e até consiga esquecer de mim por minutos, e até horas. De noite talvez lembre das nossas conversas sobre todos os pontos brilhantes do céu azul escuro. As estrelas te dirão que vai ser bom olhar para a mesma lua que eu estiver olhando, deixando de lado o chocolate, para não evitar de pensar em você.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 6/21/2010 11:17:00 AM | 2 comentários

Nostalgia

É bem comum, mesmo sem perceber, que nós, por acidente de convivência, pegamos costumes, e manias, aqui e ali, de alguém da família. Eis então que minha irmã mais velha, pelo que eu observara quando era menor, muitas vezes guardava flores dentro de livros durante algum tempo, não sei se por algum motivo, mas sei que achava aquilo a coisa mais fantástica de se ver, principalmente quando conseguia dar uma olhada em suas coisas, sem que soubesse. Era algo realmente mágico, eu via aquilo como uma arte, uma brincadeira do tempo de transformar as coisas. Desde criança tenho o hábito de colocar coisas que me lembram dias importantes ou amigos, dentro de caixas, diários, cadernos e livros, dentre estas coisas, vieram as flores.
Acordei num dia em que o sol entrava pelo quarto, fazendo brilhar o assoalho, e dando um ar de fotografia antiga, na qual eu penetrava. Sensação de nostalgia. E quem sabe o que é esse sentimento incomensurável? Todos os que fariam o mesmo que eu, ao revistar todo o passado, ao alcance das mãos, e da memória.
De repente, abro um livro que havia lido já a tempo, e quando penso em sua história, que me veio claramente como se estivesse lido no mesmo instante, está lá, marcando a página 249, tão plana e comprimida, com o caule ainda forte, e um pouco de poeira, a margarida, esquecida, como sempre acontece. Lembro-me depois de anos, apenas, que deixei alguma flor guardada, e aí está tudo o que me encanta, desde que demore tempo o suficiente para que eu me esqueça de onde ela veio, e só então deixar um lágrima tocá-la, regar uma lembrança, de alguém que o tempo levou para algum lugar distante, e melhor que não o traga de volta, que continue assim. Lembrança, fruto da inquietação nostálgica. Deixe-me guardar mais mil flores, até o fim dos mais longos esquecimentos.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 6/21/2010 01:35:00 AM | 4 comentários

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Uma criança deitada no seu ombro, te dizendo coisas que não deveriam esperar mais para serem ditas. Uma tontura não tão leve, fazendo a cabeça girar, e impedindo de que algumas palavras fossem ouvidas num momento que se adequaria tanto a uma tarde de domingo. As conversas e as risadas de pessoas perto dali, um fim de arco-íris. Uma música antiga, que me fez sentir alguns anos mais nova, do que eu já sou, do seu lado, por ser uma música antiga. O resto do tempo, na verdade, esqueço um pouco disso, que não nos impede de fazer nada. Posso estar aqui com você agora, certo? Posso te levar comigo, mesmo que você não queira, e vá para outro lugar qualquer no mundo. Afinal, ainda vai estar comigo.

Estou lembrando de você, muito freqüentemente, para dizer mais ainda a verdade. Você já sabe mesmo, o que custa repetir, com os olhos, ou com estrelas, que só você sabe ler ? Tente não se preocupar tanto, não sou tão pequena assim. Exceto ao seu lado, quando alguma coisa em você me reduz a algo tão minúsculo, que me faz querer gritar, para você ver minha expressão, distraída, boba, te vendo tão de perto. Pensando bem, se preocupe comigo. É que parece ficar bem assim, acho que gosto.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 6/20/2010 12:31:00 AM | 3 comentários

Como a vista é linda da roda gigante..






Frio na barriga, que nervoso isso tudo. Confesso que não esperava que fosse tão assim de repente, nem esperava que fosse

(acontecer). Me pareceu algo muito surreal, afinal, achei que era só coisa da minha cabeça, e da cabeça dos outros. Você sabia, e eu sentia. Mas se era algo que nunca havia sido dito por nenhum de nós, como que eu poderia esperar por tanto ?

Deve ter sido normal, ou talvez até bom para você. Mas nunca deve ter lhe passado pela cabeça a sensação de vertigem e adrenalina que pode tomar um corpo, em segundos curtos, para processar tanta informação. Como entender o que é tão amplo, mesmo que dentro de um silêncio tão simples de ver, quando a vida parece ter escondido tudo de você, tão, tão bem?

Subi com você na roda gigante, e acredite se não fosse você, podia ser pior, imagine...

Como a vista é linda, da roda gigante, é tão grande, e impossível de explicar. Como quando você surgiu assim, sem avisar, e rapidamente se tornou tão imenso e meu, como o céu, e todas estas luzes, de casas e postes, daqui de cima.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 6/17/2010 03:13:00 PM | 0 comentários

A Valsa

Já é hora ! Acorde, e comece a caminhar sem mais demoras ! Ande, e procure por seus novos amigos, não esqueça de levá-los junto, o caminho é longo, mas tudo passará tão rápido... Mal está falando e veja só quantos livros, quantas canções, quantas pessoas, e tantos lugares que você pode conhecer, aproveite isso tudo, e prove um pouco de todos estes sabores. São infinitos gostos, milhares de frutas, doces, qual prefere ? Sua família está ali, e aqueles são os vizinhos, um deles é político! Honre seu país, e conheça muitos outros. Em um deles pode ser que conheça novas pessoas, e diferentes daquelas que já havia conhecido. Aprenda outros idiomas, e fale para o mundo, o que tem achado dele até o momento! Veja só como é bonita aquela moça, suas mãos, pernas, e olhos, parecem te chamar e levá-lo para algum lugar. Quando você menos espera... já está lá, num campo de flores, fazendo juras de amor e imaginando seu futuro tão próximo. O primeiro filho já veio, acompanhado do filho do meio, o próximo está a caminho! Ainda há com o que se encantar: pode ter um trabalho, uma casa, e até um carro. Mas não dê tanto valor assim, quando chegar a hora, outras coisas serão mais importantes, e estarão perto de você. Não pare, não pare! Olhe só para os seus netos como cresceram rápido! Agora, mais do que nunca, você repara como todas estas árvores são belas, e te deixa triste pensar na natureza daqui a alguns anos. Mas ainda é possível ver o seu riso, como quando mostrou sua felicidade quando viu este mundo pela primeira vez. Já pode sentir as lágrimas ao redor, de todos aqueles por quem passou por esta vida. É um adeus, mas a valsa não pára. Todos continuam no compasso, não podem perder nada, uma vez que este carrossel começou a andar, sabe-se lá quando acaba a rodada... a valsa não espera por ninguém, a banda continua tocando, e cada um dança, no ritmo da vida, que te leva para onde você não imaginava, e te obriga a seguir a dança, até o fim, e logo depois, outros tantos princípios.

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 6/10/2010 03:53:00 PM | 0 comentários

Insônia



É querer dormir para acordar logo, preguiça de cair no sono, tão demorada e ansiosamente, para talvez te encontrar por lá, e quando acordar, te ver outra vez, mas sem precisar reinventar os desfechos de cada sonho enquanto vou abrindo os olhos sem querer. O medo de ser algo tão particular, de ninguém estar dividindo isso com você, enquanto passa horas tentando ignorar cada mínimo ruído da madrugada. Uma cortina que balança com o vento soprando, uma toalha que cai no chão. Esperar que do outro lado da cidade parada, com os carros se preparando para mais um dia de congestionamentos e barulhos, com a noite indo embora, alguém esteja tão inquieto e insone quanto você, por mais que pareça egoísmo.


Egoísmo nada. Isso tem outro nome qualquer, do qual nunca me lembro, quanto mais nessas primeiras horas do dia que vem, seguido do resto de noite em que passei olhando para o teto, para a fronha listrada, sem inspirações para dormir, queria mesmo é acordar.


Acordo finalmente, sem quase ter dormido, e lá está você. Talvez invente uma explicação para estes olhos tão cansados quanto eu, mas talvez, eu diga a verdade. Por que não apareceu nos meus sonhos esta noite ?

Posted by Menina Radiguet Drubi | às 6/10/2010 03:24:00 PM | 0 comentários